Por Virgínia Manzaro – Planning 2B – Assessoria para negócios inteligentes…
Reorganizar e reestruturar é grande parte do “Zeitgeist”– “Espírito do Tempo” desta época
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A mudança é uma premissa da própria Natureza, que trabalha num movimento contínuo de renovação e alteração. Tal disposição não parece ser novidade para nós, então por que resistimos tanto às mudanças? Simplesmente porque não apreciamos o desconforto e as incertezas que boa parte delas provoca em nós, seres humanos.
Mudar é criar, melhorar, evoluir, reorganizar, transformar e superar, sempre alterando um estado, mudando de uma condição para outra. Apesar do medo o do desconforto, movidos por instintos maiores, também seguimos nossa natureza modificadora, colaborando de forma ativa no estabelecimento de mudanças significativas para a humanidade e para todo o planeta.
Passamos assim por inúmeros eventos, ligados diretamente ao ganho de novas tecnologias, como conjunto de técnicas e habilidades. Desta forma, quando os recursos disponíveis já não são suficientes às necessidades emergentes pela vontade de atingir objetivos em escala ou de longo alcance, novas ferramentas e técnicas são criadas com o intuito de oferecer respostas mais adequadas e satisfatórias ao novo modelo que se estabelece.
O uso de ferramentas de caça, a descoberta do fogo (o uso do fogo como descoberta tecnológica tem 72 mil anos), a criação de barcos a vela, a descoberta da escrita, da energia elétrica, do telefone, a primeira divisão do átomo, a criação do automóvel, sua produção em escala, do avião, a invenção do computador, o desenvolvimento da World Wide Web!
A cada conquista e cada invenção provocaram inúmeros desdobramentos, impactando a humanidade, mudando seu cotidiano, sua relação social e a economia, em consonância com o melhor desempenho das organizações, públicas ou privadas.
A partir da instalação de sistemas tipicamente capitalistas, esta área de dominação foi sendo cada vez mais canalizadas para as organizações empresariais, tornando-as elementos vivos da sociedade contemporânea.
Como desafio, os novos componentes que se instalam e caracterizam o período atual de mudanças são:
- A velocidade dos acontecimentos
- A complexidade dos relacionamentos
- A enorme quantidade de informações que circulam a cada minuto
Ainda estamos tentando compreender as mudanças pelas quais estamos passando, alcançar sua amplitude e prever suas consequências. Dada a imprevisibilidade dos tempos, como tomar decisões, minimizar riscos e prejuízos e ainda acertar nos ganhos?
Se por um lado já lidávamos nas últimas décadas com grandes transformações, o que por si só já era extremamente desafiador, um grande acelerador nos alcançou, mudando definitivamente da noite para o dia o status quo. Levando em consideração que as consequências da Covid-19 para a economia ainda não chegaram ao fim, a adaptabilidade deve continuar sendo prioridade no enfrentamento de desafios.
Observamos que neste período, que as empresas que mostraram prontidão para perceber a direção apontada pela crise e agilidade para implantar novos modelos de negócios, foram as que tiveram melhor desempenho ou até menor prejuízo. Desta forma, estar preparado para intervir no negócio e agir com eficácia é fundamental para fazer ajustes rápidos e manter o controle sobre a trajetória de crescimento.
Para se manterem em um cenário competitivo, empresas e negócios devem se superar na busca por soluções escaláveis, estratégias refinadas, processos ágeis e equipes capacitadas (tecnicamente e com habilidades interpessoais).
A boa notícia é que em meio a tudo isso, todos os dias novas possibilidades se abrem de forma infinita a partir da demanda por soluções, da multiplicação tecnológica e de novos modelos de negócios. É aí que entra a Inovação.
Como projetar uma mudança inovadora?
A inovação se dá pela introdução de novas ideias, capazes de manter ativo o processo de atualização e modernização permanente, independendo muitas vezes de mudanças tecnológicas.
O objetivo da Inovação pode ser o de criar novas situações a partir de um olhar para o futuro, trazer soluções para problemas emergentes, melhorar desempenho e busca incessante por novas formas de ação ou modelos de negócios.
Vou pegar carona aqui com um trecho de matéria da minha querida mentora Juliana Proserpio, co-founder of ECHOS Innovation Lab
Ela nos fala do design como catalizador para a mudança:
“Como seres humanos, normalmente consideramos, consciente ou inconscientemente, 6 parâmetros para projetar qualquer coisa:
CONTEXTO – Analisamos o contexto e as transformações do tempo que ainda não estão totalmente consolidados ao longo dos anos (Zeitgeist).
CULTURA- O design geralmente emerge reafirmando uma cultura baseada em valores ou crenças ou reagindo a esta cultura valores e crenças.
NECESSIDADES HUMANAS – A única maneira de se gerar valor é quando resolvemos problemas humanos ou quando criamos novas realidades de interação. O bom design vem da compreensão de padrões psicológicos, comportamentos e ações por trás de pré-conceitos.
OBJETIVO – A busca e definição de um propósito ou uma intenção é essencial para criar uma visão do futuro. (A intenção não é apenas um desejo de mudança, mas também uma provocação do que poderia acontecer.)
RECURSOS – O design está totalmente relacionado com o tipo de recurso disponível ao criar uma mudança intencional ou não intencional. Avaliamos os recursos que temos disponíveis que podem ser desde materiais, habilidades e até a pessoas.
TECNOLOGIA – A tecnologia é ferramenta e facilitadora dos resultados desejados. Pode ser decisiva na adoção da mudança dentro de qualquer contexto que desejamos interferir (veja que a grande mudança acontece quando criamos uma solução que abrange todas as ordens do design com excelência).”
“A intenção não é apenas um desejo de mudança, mas também uma provocação do que poderia acontecer”
Empresas devem ser protagonistas da mudança, e não reféns dela
Como observadores, percebemos que numa linha do tempo, olhando para o passado, nenhuma mudança aconteceu da noite para o dia. Há sempre elementos comuns que indicam uma certa previsibilidade de tendências e acontecimentos. Pensando assim, as mudanças deste período não deveriam ter pego tanta gente de surpresa.
O fato é que a percepção e a prontidão para mudanças, bem como uma postura inovadora, devem fazer parte das empresas antes que os acontecimentos as obriguem, direcionando assim seu olhar para ao futuro.
No nível de gestão, estabelecer meios e métodos para gerar valor, desenvolver novas ideias e aplicá-las de modo eficiente é criar ambientes favoráveis à consolidação de mudanças.
É preciso estar atento para o fato de que a mudança e a inovação forçam a necessidade de novas formas de percepção, pensamento e comportamento. Não há mudança, não há inovação e não há resultado se não se alterarem as formas de sentir, pensar e agir.
No nível estratégico, quer dizer que o hábito de inovar deve pertencer à cultura organizacional da empresa para que possa estar alinhada à sua estratégia de crescimento, adotando uma posição de protagonismo e de vanguarda no estabelecimento de vantagens competitivas.
Inovação nos negócios
Implantar a cultura de inovação ou mesmo trabalhar num projeto de inovação dentro de uma empresa não é tarefa simples pela sua amplitude e abrangência, mas pode ser extremamente gratificante do ponto de vista dos resultados.
- Criatividade – Descoberta e criação de caminhos e soluções
- Tecnologia e IA – Atuação por estratégia e correlação de fatores
- Informação e Conhecimento – Observação, aprendizado e aplicação
- Organização e Processos – Controle e segurança nas tomadas de decisões
- Cultura organizacional – Expressão da identidade, o “DNA” da empresa
- Equipe – Engajamento na solução de problemas, comunicação e cooperação
- Pessoas – Razão da existência dos negócios
- Personalidade – Aproximação e efetividade na comunicação com clientes
- Estratégia – Bússola que dá o direcionamento
- Resultado – Materialização do trabalho
Destacamos aqui alguns aspectos:
Criatividade – Criatividade não é somente criar coisas bonitas e descoladas. Nas artes, nas políticas públicas, sociais e nos negócios, ela está mais ligada à qualidade de visualizar cenários e possibilidades, reconhecer e absorver os recursos disponíveis e criar caminhos e soluções que atendam às novas necessidades vigentes. No entanto, é impossível prever todas as respostas durante um período de transição, muito mais como o que estamos vivenciando, uma vez que uma cadeia enorme de necessidades e possibilidades foi alterada. Para entender este movimento, contribuir de forma assertiva, e ainda colher frutos, é preciso quebrar a resistência às mudanças, especialmente quanto ao Mindset da empresa, modificando para o MindShift (mentalidade de mudança). É sair da zona de conforto e, como nos habituamos a dizer, sair da caixa.
Tecnologia e IA – Internet das coisas (Iot), Indústria 4.0, Inteligência Artificial (AI), Nano Tecnologia, Computação Quântica, Realidade Aumentada, Realidade Virtual, Simuladores e Deep Fake… Todos os setores foram afetados pela tecnologia e ainda não sabemos qual será o limite. A partir de agora será necessário que os profissionais e a sociedade em geral preparem-se para um futuro próximo em que as funções mecânicas sejam delegadas às máquinas, e as intelectuais às pessoas, nos diferenciando daquelas. Para estabelecer boas práticas de uso da Tecnologia e da IA as empresas precisam saber como correlacionar fatores.
Informação e conhecimento – Na obra “Arte da Guerra” entendemos a importância da informação: Nunca vá para a batalha sem saber o que pode estar contra você. ”Aquele que conhece o “inimigo” e a si mesmo lutará cem batalhas sem perder; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio será derrotado em todas as batalhas.
No campo dos negócios, as principais decisões a serem tomadas neste período serão referentes a quais investimentos fazer e quais negócios/ produtos /serviços continuam, aceleram, estabilizam ou emergem. Mas no processo de tomada de decisão, tão importante quanto conhecer a concorrência e o mercado, é conhecer a própria empresa.
Pessoas – Em primeiro lugar, é preciso lembrar que empresas são feitas por pessoas e para pessoas. Por mais inteligentes que as máquinas possam se tornar, existem habilidades humanas que nenhum processo de automação será capaz de absorver ou realizar com a mesma destreza e até mesmo sensibilidade. É por isso que certas habilidades humanas tendem a ser demandadas cada vez mais. Destacam-se aqui a aprendizagem contínua, a habilidade em trabalhar em equipe e as relações interpessoais como vetor na troca de conhecimento e de colaboração. Capacidade de adaptação e perfil multidisciplinar também tomam posição de destaque e já são qualidades requisitadas por novas posições de trabalho, uma vez que as empresas precisam de profissionais que saibam antecipar e resolver problemas na busca por resultados.
Para sair da caixa é preciso ter entrado nela
A caixa – Organização e processos ganharam o viés da agilidade e simplificação a partir de novas ferramentas e tecnologias, tornando-se mais importantes do que nunca na gestão do negócio e no embasamento de ações criativas. Coleta, estruturação e controle de informações… Colocar tudo “no papel” pode parecer burocrático, enfadonho e cheio de detalhes, mas dentro da cultura da inovação e em momentos de mudanças é este processo que dá a visão panorâmica necessária para identificar caminhos e materializar ideias. No campo da gestão, administrar com organização e ter processos bem estabelecidos podem determinar a diferença entre uma boa ou má decisão, além do ganho de produtividade e economia de recursos.
Organização e Processos – Se a informação é essencial na “guerra”, o controle é imprescindível para a paz. Processos bem sistematizados significam maior controle de cada etapa de forma mais efetiva. Consequentemente, é possível desenvolver estratégias que sejam mais eficientes para o crescimento, ou mesmo para enfrentar possíveis dificuldades. Pesquisa, método, planejamento, testes para validação das etapas de execução, implicam não somente em controle, mas em fazer correções de curso rapidamente.
Estratégia – Como saber o rumo a tomar? A estratégia é como uma bússola que dá o direcionamento, projetando à frente caminhos e possibilidades para solução de problemas e alcance de sonhos, objetivos e metas. Aqui, todas as premissas se alinham aos recursos disponíveis, sabendo que, execução sem estratégia indica problemas pela frente, mas estratégia sem execução é completamente inútil.
Atitudes insipientes não serão perdoadas. Inteligência, neste momento, é aprender com os erros, promover a busca constante por soluções e beneficiar-se dos obstáculos, sempre abertos para novas forma, modelos e possibilidades.